Lauraceae

Rhodostemonodaphne capixabensis J.B. Baitello & Coe-Teix.

EN

EOO:

14.101,623 Km2

AOO:

60,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com ocorrência nos seguintes estados: BAHIA, município de Prado; ESPÍRITO SANTO, município de Aracruz, Conceição da Barra, Guarapari, Itapemirim, Linhares e Vila Velha. Segundo a Flora do Brasil 2020 a espécie não ocorre no estado da BAHIA.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Mário Gomes
Critério: B2ab(iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de até 8 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), Popularmente conhecida por canela-do-nativo e oliveira-da-praia, foi documentada em Restinga arbórea associada a Mata Atlântica presente em 7 municípios distribuídos pelos estados da Bahia e Espírito Santo. Apresenta distribuiição ampla, porém restrita a Restingas, AOO=60 km² e presença em fiofiionomia severamente fragmentada. Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca (Rolim e Chiarello, 2004), que afeta a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas. Além disso, os municípios de ocorrência da espécie apresentam de 6,30% a 27,17% de remanescentes florestais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2020), ou seja, reduções de até 70% na a´rea original de Mata Atlântica. O Espírito Santo é o sexto estado da federação com a maior área plantada de eucalipto (Ibá, 2015), prática que avança pelo sul da Bahia de forma consistente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). A especulaçao imobiliária tem ocasionado o desmatamnto de áreas de Restinga, principalment eno sul da Bahia, onde poucas Unidades de Conservação protegem efetivamente essa fitofisionomia (Assis et al., 2004). Diante deste cenario, portanto, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Assim, R. capixabensis foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de efetividade de UCs) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Último avistamento: 2018
Quantidade de locations: 7
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como Em Perigo (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após cinco anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Revista Brasileira de Botánica 22: 79. 1991. Caracterizada por apresentar folhas elípticas, frequentemente mucronadas, fortemente cartáceas, glaucescentes abaxialmente e inflorescências profusamente longo-ramificada, glabras diferente das outras espécies do gênero. Pode ser distinta das demais espécies de Rhodostemonodaphne com distribuição semelhante,aparentemente relacionada a R. macrocalyx, pelo número de caracteres vegetativos e androecial. Os estames de R. capixabensis são espatulados, com os locelos arranjados em arco, enquanto em R. macrocalyx estes são filiformes com anteras bijugadas (Madriñán, 2004). Popularmente conhecida por Canela do nativo, oliveira-da-praia

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Segundo Caiafa e Martins (2010) possui forma de raridade 6 na Mata Atlântica. Leite (2010) registrou 13 indidivíduos em um fragmento de 65 ha na APA da Lagoa Guanady, Itapemirim, ES, com densidade estimada em 6,5 ind./ha. No Parque Natural Municipal de Jacarenema, Vila Velha, ES, foram encontrados 13 indivíduos em Floresta não-inundável de transição e 10 indivíduos em Floresta inundável (Magnano, 2009).
Referências:
  1. Caiafa, A.N., Martins, F.R., 2010. Forms of rarity of tree species in the southern Brazilian Atlantic rainforest. Biodivers. Conserv. 19, 2597–2618. https://doi.org/10.1007/s10531-010-9861-6
  2. Leite, V.R., 2010. Análise estrutual e da vulnerabilidade ambiental de um fragmento florestal de restinga ao sul do estado do Espírito Santo. Universidade Federal do Espírito Santo. Dissertação de Mestrado. Espírito Santo.
  3. Magnago, L.F.S., 2009. Gradiente vegetacional e pedológico em floresta de restinga no Espírito Santo, Brasil. Univerisdade Federal de Viçosa. Dissertação de Mestrado. Viçosa - MG.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree, bush
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Restinga
Fitofisionomia: Vegetação de Restinga
Habitats: 3.5 Subtropical/Tropical Dry Shrubland
Detalhes: Árvores de até 8 m, apresentando especificidade de habitat em áreas de restinga (Madriñán, 2004), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Madriñán, S., 2004. Rhodostemonodaphne (Lauraceae). Flora Neotropica. The New York Botanical Garden, Bronx, New York.
  2. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Rhodostemonodaphne. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio Janeiro. URL http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB8530 (acesso em 10 de março de 2020).

Reprodução:

Fenologia: flowering (Sep~Oct), fruiting (Fev~Mar)

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future regional high
Planícies costeiras arenosas e tipos vegetacionais associados encontrados ao longo da costa brasileira representam um ecossistema bastante diversificado em fisionomia, florística e estrutura. Embora protegidas por unidades de conservação, são ameaçadas principalmente pela especulação imobiliária e extração de areia (Assis et al., 2004). A restinga de Camburi apresenta-se modificada por ação antrópica que resultou na restrição da vegetação natural, estando as áreas intermediárias afetadas por drenagens, extração de areia e outros impactos (Pereira e Assis, 2000).
Referências:
  1. Assis, A.M. de, Thomaz, L.D., Pereira, O.J., 2004. Florística de um trecho de floresta de restinga no município de Guarapari, Espírito Santo, Brasil. Acta Bot. Brasilica 18, 191–201.
  2. Pereira, O.J., Assis, A.M. de, 2000. Floristica da restinga de Camburi, Vitória, ES. Acta Bot. Brasilica 14, 99–111. https://doi.org/10.1590/S0102-33062000000100009
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.3 Tourism & recreation areas habitat past,present,future regional high
No litoral do Espírito Santo, os município de Vitória, Viana e Guarapari apresentam em média 60% de incremento populacional nessa década, por motivos distintos (Girardi e Cometti, 2006). Em Guarapari, o crescimento é resultado do crescimento da atividade turística, sendo nesse período instalada a infraestrutura turística, com urbanização e verticalização situadas na área central do município (Girardi e Cometti, 2006). Esses processos de adensamento, expansão periférica e de busca de áreas de turismo e veraneio foram responsáveis pelo fato de o Litoral Sul ter apresentado um crescimento cerca de duas vezes e meia superior ao do Espírito Santo como um todo (Girardi e Cometti, 2006). Entre as décadas de 1970 e 2000, Guarapari manteve um crescimento populacional de 60% em média, por década, relacionado aos investimentos em estrutura turística (Girardi e Cometti, 2006). Em Guarapari mais de 50% dos empregos envolvem atividades francamente voltadas ao turismo e ao veraneio (comércio, construção, serviços domésticos, alojamento e alimentação) e tem seu PIB fortemente concentrado no setor terciário (mais de 95%), relacionado com seu vínculo com a atividade turística e de veraneio (Girardi e Cometti, 2006).
Referências:
  1. Girardi, G., Cometti, R.D.S., 2006. Dinâmica do uso e ocupação do solo no litoral sul do estado do Espírito Santo, Brasil. Desenvolv. e Meio Ambient. 13. https://doi.org/10.5380/dma.v13i0.3114
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future regional very high
Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694. https://doi.org/10.1007/s10531-004-2142-5
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2.3 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present regional high
Com 228781 ha de área ocupada com árvores de Eucalyptus spp., o Espírito Santo é o sexto estado da federação com a maior área plantada em 2014 (Ibá, 2015).
Referências:
  1. IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores, 2015. Relatório Ibá 2015.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
Os municípios de ocorrência da espécie apresentam de 6,30% a 27,17% de remanescentes florestais, Itapemirim (ES) 6,30%, Vila Velha (ES) 8,28%, Aracruz (ES) 10,83%, Conceição da Barra (ES) 14,71%, Linhares (ES) 25,40%, Guarapari (ES) 26,13% e Prado (BA) 27,17% (SOS Mata Atlântica e INPE, 2020).
Referências:
  1. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Itapemirim. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/es/Espírito Santo/Itapemirim (acesso em 10 de março de 2020).
  2. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Vila Velha. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/es/Espírito Santo/Vila Velha (acesso em 10 de março de 2020).
  3. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Aracruz. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/es/Espírito Santo/Aracruz (acesso em 10 de março de 2020).
  4. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Conceição da Barra. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/es/Espírito Santo/Conceição da Barra (acesso em 10 de março de 2020).
  5. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Linhares. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/es/Espírito Santo/Linhares (acesso em 10 de março de 2020).
  6. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Guarapari. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/es/Espírito Santo/Guarapari (acesso em 10 de março de 2020).
  7. SOS Mata Atlântica, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Prado. Aqui tem Mata? URL https://www.aquitemmata.org.br/#/busca/ba/Bahia/Prado (acesso em 10 de março de 2020).

Ações de conservação (5):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na Reserva Biológica de Comboios (PI) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Concha D'Ostra (US).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como Em perigo (EN) e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Portaria MMA no 443/ 2014. URL http://www.dados.gov.br/dataset/portaria_443
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como ameaçada de extinção na Instrução Normativa No 6, de 23 de Setembro de 2008 da Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2008).
Referências:
  1. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2008. Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. Instrução Normativa No 6, 23 Setembro 2008. URL https://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/179_05122008033615.pdf (acesso em 10 de março).
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES).
Ação Situação
5.1.3 Sub-national level on going
A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU) e está incluída no Cap.13 do livro de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo (Simonelli e Fraga, 2007).
Referências:
  1. Simonelli, M., Fraga, C.N., 2007. Espécies da Flora Amaaçadas de extiçao no Estado do espírito Santo. Ipema, Vitória.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
12. Handicrafts, jewellery, decorations, curios, etc. natural whole plant
​A espécie é citada como de interesse horticultural por suas qualidades para ornamentação, árvore pequena de pouca sombra, folhas acinzentadas brilhantes e infrutescências coloridas (Madriñán, 2004).
Referências:
  1. Madriñán, S., 2004. Rhodostemonodaphne (Lauraceae). Flora Neotropica. The New York Botanical Garden, Bronx, New York.